1 de jun. de 2011

Milagres de Santo Antônio - "O Dote"

Vivia em Nápoles uma viúva que tinha uma filha de grande beleza, mas extremamente pobre, e não podia casá-la por falta de dinheiro para o dote.

Eram pessoas de boa origem, mas não tinham como viver decentemente.

A mãe, oprimida pela pobreza e desejosa de recuperar o prestígio social, determinou prostituir a filha e fez a esta a seguinte proposta infame: “Menina, nada desonra tanto no mundo como a pobreza. De que nos servem nossos títulos de nobreza se nossa indigência nos sujeita ao desprezo da sociedade? Só a tua beleza nos pode livrar. Vai entregar-te aos rapazes ricos que te galanteiam, porque não há outro remédio”.

A pobre moça, que era de bom caráter, ficou estupefata diante do que a desavergonhada mãe lhe dizia.

Começou a invocar Santo Antônio com fé e confiança. Uma tarde, quando entrou no convento de São Lourenço, onde se venera uma imagem milagrosa do Santo, ajoelhou-se e, em lágrimas, suplicou: “Meu bom Santo Antônio, eu de nenhum modo quero perder a pérola da virgindade com ofensa a Deus. É minha desalmada mãe que me arrasta para o caminho da perdição e da desonra. Socorrei-me! Coloco-me sob vossa proteção, ó puríssimo defensor da virtude da castidade”.

Mal acabara de formular essa prece quando o Santo lhe estendeu o braço e lhe entregou um papel, dizendo: “Vai à casa do Sr. X e entrega-lhe este bilhete”. Tratava-se de um rico negociante, muito conhecido na cidade.

O bilhete continha estas palavras: “Dareis à mulher que vos apresentar este papel, para o seu dote, o peso deste mesmo papel em moedas de prata. Saudações. Santo Antônio”.

A jovem, cheia de esperança e reconhecimento, correu a entregar o bilhete de Santo Antônio ao rico negociante. Este se pôs a zombar dela, dizendo: “Só o peso desta folhinha de papel?! Por certo vosso noivo se contenta com bem pouco. Vamos já satisfazê-lo”.

E colocou o papel num dos pratos da balança, pondo no outro uma pequenina moeda de prata, certo de que já pesaria mais do que o papel. Como o outro prato nem se moveu, colocou uma segunda moeda, e mais outra, e mais outra...

Para sua grande confusão, somente quando tinha colocado 400 escudos de prata a balança se equilibrou.

Foi nesse momento que o negociante se recordou de que havia outrora prometido a Santo Antônio dar-lhe 400 escudos de prata, e nunca havia cumprido a promessa. O Santo viera fazer a cobrança daquele modo maravilhoso.

A feliz jovem pode então casar-se honestamente, de acordo com a sua condição social.

Fonte: Vida e milagres de Santo Antônio - Pe. Fernando Tomás de Brito. 3ª. Edição. São Paulo: Artpress, 2007, p.92-94.

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