24 de mai. de 2011

Um pouco sobre a vida da Beata Irmã Dulce




Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes nasceu em 26 de maio de 1914, segunda filha de Augusto Lopes Pontes e Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes. Seu pai era cirurgião dentista e professor da Faculdade de Odontologia. Maria Rita teve quatro irmãos: Augusto, Dulce, Aloísio e Geraldo. Em junho de 1921 sua mãe morreu aos 26 anos, após o nascimento da sexta filha, Regina, que também não resistiria.

Aos 13 anos a pequena Maria Rita já havia transformado a casa da família em um centro de atendimento de pessoas carentes, e assim nasceu a sua vocação religiosa. Após visitar regiões onde moravam pessoas muito pobres, onde havia ido em companhia de uma tia, manifestou pela primeira vez o desejo de se fazer religiosa. Sua família a apoiava totalmente nesse seu desejo de ajudar os mais necessitados, não só pelo exemplo do pai, considerado o inspirador de seu trabalho social, mas também pela ajuda direta de sua irmã Dulcinha.

Em 1929 ingressou na Escola Normal da Bahia.

Entrou para a Ordem Franciscana Secular, graças à orientação de seu diretor espiritual, Frei Hildebrando Kruthaup, ofm. Ingressou em 1929 e fez a vestição no dia 25 de dezembro de 1932. Em 15 de janeiro fez a profissão como terceira, e recebeu o nome de irmã Lúcia.

Formou-se professora em 9 de dezembro de 1932, e já no ano seguinte entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus. Fez o seu noviciado em São Cristóvão, Sergipe, e em 15 de agosto de 1934 fez seus primeiros votos, e recebeu o nome de Irmã Dulce, uma homenagem à sua mãe.

Já em setembro ela volta a Salvador, participando da abertura do Hospital Espanhol. Ali se dedica como enfermeira, sacristã, porteira e responsável pelo raio-X. Em 1935 passa a lecionar no Colégio Santa Bernadete, mas também começa a trabalhar com os operários da Península de Itapagipe. Também nessa época cria um posto médico para atendimento da comunidade carente nos Alagados. A imprensa passou a chamá-la de Anjo dos Alagados.

Em 1936 fundou, junto com seu antigo diretor espiritual, Frei Hildebrando Kauthrupp, a União Operária São Francisco, que foi a primeira organização operária católica da Bahia, que mudaria seu nome no ano seguinte para Círculo Operário da Bahia. Para a manutenção deste ajudou na construção de três cinemas, construídos com doações: os Cines Roma, Plataforma e São Caetano.

Pensando na educação dos operários e seus filhos, inaugurou em 1939 o Colégio Santo Antônio, no bairro da Massaranduba. Lá estudavam 300 crianças durante o dia e 300 adultos à noite.

Foi nesse ano que invadiu cinco casas na Ilha dos Ratos para acomodar os doentes que recolhia nas ruas. Sendo expulsa, levou seus doentes de um lugar para outro, peregrinando por cerca de uma década. Em 1941 Irmã Dulce concluiu o curso de oficial de farmácia. Finalmente, em 1949 instalou seus doentes no galinheiro do Convento Santo Antônio, fundado dois anos antes por Irmã Dulce. Deste improvisado albergue, com 70 doentes, nasceria o Hospital Santo Antônio.

Em 1950 inicia o atendimento aos presos da cadeia Coréia.

Em 26 de maio de 1959 foi fundada a Associação Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), e no ano seguinte foi inaugurado o Albergue Santo Antônio, com 150 leitos. Vinte e quatro anos mais tarde seria inaugurado o novo hospital, agora com 400 leitos.

O Hospital Santo Antônio está no centro de uma complexa organização reconhecida como modelo nacional de assistência social, médica e educacional. Atua também nas áreas de ensino e pesquisa. A OSID, Obras Sociais Irmã Dulce, é considerada uma das instituições filantrópicas mais importantes do mundo, com mais de 2300 colaboradores e 600 voluntários no Brasil e no exterior. Atende mais de 1 milhão de pessoas por ano.

Trata-se de uma obra construída pela fé. Irmã Dulce dizia, e fazia valer ao pé da letra: “Quando nenhum hospital quiser aceitar mais algum paciente, nós aceitaremos. Esta é a última porta e, por isso, eu não posso fechá-la”. Atender bem e de graça norteiam o trabalho dessa instituição, cuja eficiência e qualidade já mereceu inúmeros prêmios nacionais e internacionais.

Esse portento foi construído com a ajuda de muitos, e como era de se esperar, com a força de uma gigante, batendo de porta em porta pelas ruas de Salvador, nos mercados, feiras livres ou nos gabinetes de governadores, prefeitos, secretários, presidentes da República. Administradora extremamente capaz, cuidava de tudo pessoalmente, com caridade heróica.

Irmã Dulce levava uma vida espartana. Os momentos de folga eram raros. Não lia jornais nem via televisão. Quase não comia. Três vezes por semana, fazia jejum. As poucas refeições se resumiam a um montinho de arroz e legumes colocados num prato de sobremesa ou num pires de café. Carne, doce e refrigerante não constavam de seu cardápio. Com tantos doentes e famintos esperando por sua caridade, Irmã Dulce também quase não dormia. Eram no máximo quatro horas de sono por noite, sentada numa cadeira de madeira maciça. Começou a dormir ali para pagar uma promessa e usou a espreguiçadeira por 30 anos, até ser proibida pelo médico.

Tinha uma saúde frágil, pois viveu os seus últimos trinta anos com a saúde abalada seriamente, respirando com apenas um terço da sua capacidade pulmonar!

“Quando os médicos perguntavam se havia passado bem a noite, respondia: "Passei na boate." Aí explicava: "boate" era como chamava o tubo de oxigênio que ajudava a mantê-la viva. Os sacrifícios eram proporcionais à felicidade”.

Irmã Dulce fundou, em 17 de janeiro de 1984, as Filhas de Maria Servas dos Pobres, uma associação pública de fiéis de direito diocesano, com estatutos aprovados pelo arcebispo de Salvador, com o objetivo de continuar a sua obra na OSID após a sua morte.

Em 1988, ela foi indicada pelo então presidente da República, José Sarney, com o apoio da Rainha Sílvia, da Suécia, para o Prêmio Nobel da Paz. Oito anos antes, no dia 7 de julho de 1980, Irmã Dulce esteve com o Papa João Paulo II, na sua primeira visita ao país, e recebeu dele o incentivo para prosseguir com a sua obra.

Os dois se encontrariam de novo em 20 de outubro de 1991, na segunda visita de João Paulo II ao país. O papa fez questão de mudar sua agenda e foi ao Convento Santo Antônio visitar Irmã Dulce, muito debilitada, no seu leito de enferma.

Cinco meses depois da visita do Papa, aos 13 de março de 1992, Irmã Dulce morreria, aos 77 anos. No velório, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, políticos, empresários, artistas, se misturavam a dor das milhares de pessoas simples, anônimas. Muitas delas, o povo simples e pobre, justamente para quem Irmã Dulce dedicou a sua vida.

Um comentário:

  1. Exemplo de vida! Verdadeiro Amor a Deus a serviço dos pobres e desamparados...

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