18 de abr. de 2011

Só Cristo eleva o homem às alturas do amor e da liberdade de Deus



Na Missa do Domingo de Ramos, o Papa Bento XVI assinalou que só Cristo é capaz de elevar o homem ao amor, à verdade e à autêntica liberdade de Deus, com a qual vence a força do egoísmo, da mentira e do mal que "puxam para baixo" o ser humano.

“Os Padres disseram que o homem está colocado no ponto de intersecção de dois campos de gravidade”.

“Temos, por um lado, a força de gravidade que puxa para baixo: para o egoísmo, para a mentira e para o mal; a gravidade que nos rebaixa e afasta da altura de Deus. Por outro lado, há a força de gravidade do amor de Deus: sabermo-nos amados por Deus e a resposta do nosso amor puxam-nos para o alto".

“O homem encontra-se no meio desta dupla força de gravidade, e tudo depende de conseguir livrar-se do campo de gravidade do mal e ficar livre para se deixar atrair totalmente pela força de gravidade de Deus, que nos torna verdadeiros, nos eleva, nos dá a verdadeira liberdade".

A possibilidade que tem o homem de chegar à altura de Deus, ganhou-a Cristo através de sua entrega na Cruz. "Ele caminha para a altura da Cruz, para o momento do amor que se dá. O termo último da sua peregrinação é a altura do próprio Deus, até à qual Ele quer elevar o ser humano".

A procissão de Domingo de Ramos, continuou Bento XVI, "quer ser imagem de algo mais profundo, imagem do fato que nos encaminhamos em peregrinação, juntamente com Jesus, pelo caminho alto que leva ao Deus vivo. É desta subida que se trata: tal é o caminho, a que Jesus nos convida".

O Santo Padre disse logo que "a força de gravidade que nos puxa para baixo é poderosa, mas a força de Deus é maior e supera as limitações humanas: basta pensar nas catástrofes que nestes meses afligiram e seguem afligindo a humanidade".

Logo depois ele explicou que a liturgia deste dia recorda que o homem está chamado a "levantar o coração", mas "sozinhos somos demasiado frágeis para elevar o nosso coração até à altura de Deus; “Não somos capazes", repetiu o Papa.

"É precisamente a soberba de o podermos fazer sozinhos que nos puxa para baixo e afasta de Deus. O próprio Deus tem de puxar-nos para o alto; e foi isto que Cristo começou a fazer na Cruz. Desceu até à humilhação extrema da existência humana, a fim de nos puxar para o alto rumo a Ele, rumo ao Deus vivo. Jesus humilhou-Se: diz hoje a segunda leitura. Só assim podia ser superada a nossa soberba: a humildade de Deus é a forma extrema do seu amor, e este amor humilde atrai para o alto".

O homem ainda precisa purificar-se para chegar a Deus, "ter as mãos inocentes e o coração puro" para assim chegar à verdade, "à procura do próprio Deus e nos deixarmos tocar e interpelar pelo seu amor. Mas todos estes elementos da subida só serão úteis, se reconhecermos com humildade que devemos ser puxados para o alto, se abandonarmos a soberba de querermos, nós mesmos, fazer-nos Deus. Temos necessidade d’Ele".

"Deus puxa-nos para o alto; permanecer apoiados pelas suas mãos – isto é, na fé – dá-nos a orientação justa e a força interior que nos eleva para o alto. Temos necessidade da humildade da fé, que procura o rosto de Deus e se entrega à verdade do seu amor".

O Papa disse logo que a pergunta sobre como chegar ao alto sempre questionou o homem. Santo Agostinho, um dos muitos filósofos que quis responder a esta pergunta, disse que "teria desesperado de si mesmo e da existência humana, se não tivesse encontrado Aquele que faz o que nós mesmos não podemos fazer, Aquele que nos eleva à altura de Deus, apesar da nossa miséria: Jesus Cristo, que desceu de junto de Deus até nós e, no seu amor crucificado, nos toma pela mão e nos conduz ao alto".

Finalmente Bento XVI disse: “com o Senhor, caminhamos, peregrinos, para o alto. Andamos à procura do coração puro e das mãos inocentes, andamos à procura da verdade, procuramos o rosto de Deus. Manifestamos ao Senhor o desejo de nos tornar justos e pedimos-Lhe: Atraí-nos, Vós, para o alto! Tornai-nos puros! Fazei que se cumpra em nós a palavra do salmo processional que cantamos, ou seja, que possamos pertencer à geração dos que procuram Deus, «que procuram a face do Deus de Jacó». Amém.

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