10 de mar. de 2011

Palavras de Bento XVI nesta Quarta-Feira de Cinzas


Marcando o início da Quaresma apresentamos a seguir, para a nossa reflexão, as palavras do Papa nesta Quarta-Feira de Cinzas em dois momentos distintos: na Missa e na Catequese Geral. Tais palavras são para nós um subsídio importante para o nosso aprofundamento pessoal.

Na Missa, o Papa Bento XVI assinalou que a quaresma costuma "receber a conotação de tristeza", mas na verdade é um dom precioso de Deus, é tempo forte e denso de significados no caminho da Igreja, é o caminho em direção à alegria da Páscoa do Senhor”. Portanto não deve ser considerado um tempo "triste". O Papa disse que com o rito da imposição das cinzas se assume "o empenho de converter o nosso coração em direção aos horizontes da graça".

"Não se trata de uma conversão superficial e transitória, mas de um itinerário espiritual que supõe o sincero propósito de rever-se".

A conversão à qual todo fiel está chamado, prosseguiu Bento XVI, "é possível porque Deus é rico em misericórdia e grande no amor. Deus, de fato, não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva", afirmou.

“Ele nos oferece ainda o seu perdão, convidando-nos a voltar a Ele a fim que nos dê um coração novo, purificado do mal que o oprime, de modo que possamos participar da sua alegria. O nosso mundo tem necessidade de ser convertido por Deus, tem necessidade do seu perdão, do seu amor, tem necessidade de um coração novo", sublinhou o Pontífice.

O Papa se referiu logo ao chamado do Apóstolo São Paulo na Carta aos Coríntios: “Vos exortamos a não acolher em vão a graça de Deus". É uma exortação a "a abrir-se à graça, a deixar que Deus nos converta”.

"Este esforço de conversão não é somente uma obra humana. É o dinamismo do coração contrito, atraído e movido pela graça a responder ao amor misericordioso de Deus que nos amou primeiro".

O Papa ofereceu logo uma recomendação para viver bem a Quaresma: "oferecer o testemunho da fé vivida em um mundo em dificuldade que tem necessidade de retornar a Deus, que tem necessidade de conversão".

A Quaresma "é um tempo propício que nos é doado para esperar, com maior empenho, a nossa conversão, para intensificar a escuta da Palavra de Deus, a oração e a penitência, abrindo o coração à dócil acolhida da vontade divina para uma prática mais generosa da mortificação, graças a qual andaremos mais largamente em direção ao próximo necessitado: um itinerário espiritual que nos prepara a reviver o Mistério Pascal.".

Finalmente o Papa fez votos para que "Maria, nossa guia no caminho quaresmal, nos conduza a um conhecimento sempre mais profundo de Cristo morto e ressuscitado, nos ajude na batalha espiritual contra o pecado e nos apóie para clamarmos em alta voz: "Converte-nos, ó Deus, nossa salvação!

Na sua catequese desta Quarta-Feira de Cinzas, o Papa refletiu sobre as práticas de piedade ligadas à quaresma: o jejum, a oração e a esmola.

O jejum "significa abster-se de comida, mas inclui outras formas de privação que visam a uma vida mais sóbria". No entanto, "tudo isso não é ainda a realidade plena do jejum: é o sinal exterior de uma realidade interior, do nosso compromisso, com a ajuda de Deus, de abster-nos do mal e de viver o Evangelho". Não jejua de verdade quem não sabe se nutrir da Palavra de Deus", acrescentou.

"O jejum, na tradição cristã, está intimamente ligado à esmola", afirmou o Papa. Neste sentido, recordou, com Santo Agostinho, que, tanto o jejum como a esmola são "as duas asas da oração", que lhe permitem ganhar maior impulso e chegar a Deus.

"A Igreja sabe que, pela nossa fraqueza, é muito fatigante fazer silêncio para colocar-se diante de Deus e tomar consciência da nossa condição de criaturas que dependem d'Ele e de pecadores que precisam do seu amor", sublinhou o Santo Padre.
Por isso, "na Quaresma, ela nos convida a uma oração mais fiel e intensa, e a uma meditação prolongada sobre a Palavra de Deus".

Em linha com a sua Mensagem para a Quaresma deste ano, o Pontífice convidou todos os fiéis a "reviver" o próprio Batismo, para "reavivar em nós este dom e fazê-lo de maneira que nossas vidas recuperem as exigências e os compromissos deste Sacramento, que está na base da nossa vida cristã".

Exortou os fiéis a estarem "atentos para acolher o convite de Cristo a segui-lo de maneira mais determinada e coerente, renovando a graça e os compromissos do nosso Batismo, para abandonar o homem velho que está em nós e revestir-nos de Cristo".

A Quaresma, acrescentou, "é um caminho, é acompanhar Jesus que sobe a Jerusalém, lugar do cumprimento do seu mistério de paixão, morte e ressurreição". Assim, explicou, "nos recorda que a vida cristã é um ‘caminho' a ser percorrido, que consiste não tanto em uma lei a ser observada, mas na própria pessoa de Cristo, a quem vamos encontrar, acolher, seguir".

"É sobretudo na liturgia, na participação dos santos mistérios, que somos levados a percorrer este caminho com o Senhor; é um colocar-nos na escola de Jesus, percorrer os acontecimentos que nos trouxeram a salvação. "Participar da Liturgia, concluiu, significa "submergir a própria vida no mistério de Cristo, na sua presença permanente, percorrer um caminho pelo qual entramos em sua morte e ressurreição para ter a vida".

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